BASEADO NA OBRA ARTÍSTICA DE CLAIRE FISHER
(SUGESTÃO DE ÁUDIO PARA COMPLEMENTAR A LEITURA)
(SUGESTÃO DE ÁUDIO PARA COMPLEMENTAR A LEITURA)
, uma mulher no cemitério, sentada numa cadeira de praia e bebendo...
, uma mulher bebendo no cemitério e sentada numa cadeira de praia...
, uma mulher sentada numa cadeira de praia...
Bodas de Esmeralda, de Ouro, de
Diamante, quem é que chega até elas hoje em dia? O pão esfarela-se e
murcha. O favo não resiste e se destroi
sob a condição de vazio, já que mel não é mais depositado nele. A vida de um
casal que ainda resiste a uma situação não moderna e corriqueira de vida.
(Marta. Mulher rude e grosseira.
Alberto. Homem com fraqueza de personalidade. Casados desde muito novos, nem
chegaram à velhice e já conseguiram alcançar o temível. E a bebida, sua companheira e válvula de escape. Patrícia Gonzales.
Pintora, fotógrafa, expoente da externação do nobre sentimento da alma, cuspida grosseiramente para a
Terra suportar. Prestes agora a completar sua coleção de obras expressivas
e autorais, buscou num vilarejo afastado a finalização para seu extenso
trabalho.)
– Tá caçando o que por essas
bandas? Nem tenta, de mim você não tira nada.
A mulher era irredutível, mas,
após alguns minutos de lábia se deixou convencer pelo argumento de Patrícia que
explicava o sentido daquilo tudo, sob uma condição. Não era mera coincidência o arraste
existencial e vívido que Marta protagonizava.
***
Anunciava-se a exposição ‘’Pés. Terra. Existência. ’’, a qual
resguardava um espaço com a pintura de Patrícia Gonzales, ‘’Meu Marido e Eu’’, vista com olhos audaciosos por um ladrão que,
ambiciosamente, tornara-se curador da mostra já sabendo do que se tratava o trabalho
da artista, porém não imaginava que uma atração súbita e absurda iria se despertar
internamente no momento em que a visse.
***
Havia um cemitério bastante
desorganizado nos arredores do povoado, e foi lá onde Marta pousou para
Patrícia. Alberto não estava presente; não estava nem em casa há dias. A condição era que uma lápide para o marido fosse forjada e saísse na pintura, como se ele tivesse inexistente espiritualmente, já que fisicamente não comparecia.
Hernando organizava e cuidava dos mais ínfimos detalhes dias antes da estreia. Na outra ponta, Patrícia pintava o que viria a ser a atração mais intrigante de toda a exposição, e nem pensava em enviar esta à curadoria.
O que explica a reação e ação do curador quando a vê é o simbolismo do distúrbio da mente louca e complexa – sua performance fora da mente.
***
Mas ela parou atônita em frente àquela inesperada obra. Algo estava errado, o marido não estava presente quando ela pintou o quadro...
Uma mulher no cemitério, sentada numa cadeira de praia e bebendo... E um homem, ao lado de seu próprio túmulo. |
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