sábado, abril 28, 2012

Aleijada

Na feira onde eram feitas trocas de produtos por outros produtos estava Beta (-sozinha-humilde-cega-parciamente-e-desligada). Ela precisava de amor; sabia-o, mas se negava a reparar em qualquer moço que encontrasse em seu caminho. Pode imaginar, nem sabia o que era o prazer da carne...

Sua vida, desde o começo, era em formato de flashbacks. Sua fruta preferida: maçã. Flashbacks preto e branco de sabor maçã adocicada vermelha ao ponto de bala para degustação. Rápidos, não? Tamanha doçura continha-nos. Mas como pode, meu Deus, ter solidão acumulada aos montes em suas veias e a vida lhe ser doce? Pois era um doce-não-doce.

Ofélia, sua mãe, cliente mensal da barraca do Seu Nelson, tinha sempre trocas para fazer na feira. Beta a acompanhava em tudo. A mãe meio que compartilhava a solidão da filha, pois não lhe fazia papel de mãe-amiga como toda deveria fazer. Beta de nada se importava, afinal andava viva, mas dormindo e se rastejando em seu cerne.

Se de migalhas vivia era escolha sua revolucionar seu momento. Somos nós os detentores de nossa alegria, mesmo que às vezes dependamos da colaboração dos outros, mesmo que a felicidade seja feita de momentos e não ser definitiva.

Morta-Viva ajudava na louça suja, na sujeira e organização da casa. Teria sim liberdade para sair, namorar, até porque Ofélia estava cansada de somente vê-la presa, com altas demonstrações de falta de ânimo. Nem gosto musical a menina tinha, pois tudo e nada era o mesmo para ela. (Imagina se só falo da música...)

Havia alguma solução cabível à mãe tomar? Bem, enquanto não se sabia a rotina casa-feira era cumprida. Silenciou-se ao sair, manteve-o ao chegar, inclusive nas gentilezas, como cumprimentar os outros ou agradecer.

Pois ao olhar um fruto podre em meio a tantos vistosos e suculentos, comprar os últimos e virar-se – para casa, varrê-la, quem sabe –, dá-se com um rapaz que tão-pouco planejava o amor para seu presente. Como ela. Como todos os jovens despretensiosos, por estarem cientes do quanto amor-próprio é necessário, e do quanto perceber a vida também o é.

Acabou acontecendo.

sexta-feira, abril 27, 2012

Anteriormente Six Feet Under

Tive um sonho essa madrugada, a princípio estranho. E acordei com ela na cabeça, tocando sem parar. Curiosamente a música fala sobre sentir-se bem: ''Peixe no mar/Rio correndo livre/Isso que eu quero dizer!/ E eu acordei me sentindo bem!

Só sei que Feeling Good é a trilha sonora da semana.
Faixa 9 do vol.2 - soundtrack Six Feet Under (!!): Everything Ends.


Sleep in peace when day is done
That's what I mean
FREEDOM::LIBERDADE (2:06)

quinta-feira, abril 26, 2012

O perfeccionismo ajudando e atrapalhando

Cresci ouvindo das pessoas que demoro muito pra fazer tarefas no dia a dia, e nessas me desatinei a falar que sou perfeccionista; mas sempre foi da boca pra fora...
Hoje estou convicto de que realmente sou. Não que tenha sido difícil admitir, era falta de certeza.

Acontece que tudo tem de ficar perfeito, sempre. A partir do que eu sei.
Às vezes me pego durante horas fazendo alguma atividade, como escrita, pesquisa ou até montando slides pra algum trabalho de escola. Aí está o ponto.

Já cheguei a passar horas na frente de um computador editando vídeos sobre reciclagem e sustentabilidade. Mais horas montando slides de P.P. até chegar onde eu possa falar: ''agora sim''; tudo perfeito. Lógico que nem sempre.
Então ser perfeccionista tem seus muitos bons pontos. É garantia de coisa bem feita, no capricho, tudo com muita dedicação, até porque, para nós [perfeccionistas], não é nenhum sacrifício.

O lado negativo é exatamente o de perder/gastar horas que eu poderia estar fazendo outras coisas.
Por fim, entregar uma tarefa a ser cumprida para um perfeccionista é quase garantia de algo bem feito no final, isso se o tal alguém estiver apto a cumprir, na minha humilde opinião e conhecimento próprio de causa.

domingo, abril 08, 2012

Impressões sobre Cisne Negro

Post inaugural pra falas de cinema aqui no RDL, pessoal!

Usando o pouco que sei da sétima arte, dissertarei sobre minhas percepções, o que senti assistindo ao filme de referência e alguns outros detalhes técnicos.

Lembro novamente: este texto é totalmente pessoal; mas isso não impede você de comentar ou sugerir, dando a sua opinião acerca do assunto.

Contém SPOILER: detalhes sobre o final e outros. Se não assistiu, recomendo que visite outras páginas deste blog. 


 
Muito se ouviu falar de Cisne Negro, que praticamente trouxe consigo milhares de fãs, sem contar as premiações a que foi indicado e as que recebeu, em suma.

Do mesmo diretor do perturbador Réquiem para Um Sonho, Darren Aronofsky nos extasia com sua nova – que eu considero – obra-prima.

Natalie Portman vive Nina, bailarina da companhia que quer remontar o clássico Lago dos Cisnes. Manipulada pela mãe superprotetora – desde a primeira cena, percebemos o quanto a personagem é infantilizada e meiga ao extremo de uma criança – e em busca da perfeição na dança. Escolhida para interpretar a Rainha Cisne da peça original de Tchaikovsky, teria de viver os dois lados da moeda: bem e mal; pureza e sedução; cisnes branco e negro.


Você fica tão vidrado naquilo que, perdido, pergunta-se: ‘’o que tá acontecendo com ela??’’. Algo notável é o balanço e – o que eu chamo de – agito, vibração da câmera, principalmente nas cenas de dança. É isso que impulsiona nossa entrada para dentro do universo de Cisne Negro, juntamente com a fantástica trilha sonora, que conta com uma nova montagem do balé do Tchai, magnificamente nos afligindo e deixando-nos tensos à espera de não sei o quê. 

A parte clichê fica para os sustos, que são previsíveis. O desenrolar dos acontecimentos se dá lentamente enquanto estamos lá, afortunados por poder acompanhar Nina em seu surto psicótico. Lacunas serão preenchidas de acordo com o seu entendimento do filme.

Li por aí que a transformação de BRANCO pra NEGRO, no ato final, entrou pra história do cinema como um dos momentos mais belos. Não tiro nem ponho!

Aquele que ARRANCA da sua boca: ''é por isso que eu amo cinema. Essa obra beira a perfeição!''.
Assistir e querer de novo é fato.


quarta-feira, abril 04, 2012

69 - Praça da Luz


Prostitutas de idade avançada ganham a vida na Praça da Luz, em São Paulo. Relatos inusitados e surpreendentes de cinco mulheres que revelam em detalhes suas experiências em todos esses anos de profissão.

POSSO FALAR?

''Um dia desses tinha um boyzinho, de 18 anos de idade, ele chegou pra mim e perguntou pra mim assim: 'quantos anos cê tem?' Eu falei assim: 'venha cá, você vai foder comigo ou com a minha identidade?'''

Direção: Carolina Markowicz, Joana Galvão (2007)
Informações: Porta Curtas

Opinião expressa/pessoal: Engraçado, mas que acaba por se fazer respeitoso.
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